quarta-feira, 29 de junho de 2011

Entrevista com o "Hippie"

Sérgio Rodrigues tem 29 anos de idade, nasceu em Brasília, mas atualmente residi em Florianópolis com a mulher e o casal de filhos. Sérgio é Artesão há nove anos, começou no ano de 2002, diz que aprendeu a arte na rua, com os demais Artesões. Mesmo quando era apenas uma criança, já admirava a arte, mas nunca pensou que realmente poderia aprender e muito menos sustentar a família com essa arte. 

Sérgio diz que viajava muito, ficava em uma cidade por cerca de 15 a 30 dias, mas já ocorreu de ele ir embora de uma cidade no mesmo dia que havia chegado. Diz que já viajou por cerca de 18 estados brasileiros, mas nem sempre foi para vender seus artigos, mas também para comprar matérias prima, algumas sementes especificas de um certo estado para fazer colares ou pingentes, penas de algumas aves que são naturais de um outro estado para fazer brincos e alguns acessórios femininos ou ainda pedras como a Ametista, o Lápis-lazúli e o Topázio Rosa que ele usa para fazer bijuterias e enfeitar alguns outros trabalhos. Ele confessa que diminuiu a frequência de suas viagens por causa de sua mulher e seus filhos. 

Ele desabafa que a maior das dificuldades encontradas ao longo desses nove anos que ele trabalha como Artesão é repressão da Policia, da Assistência Social e até mesmo da Sociedade, ele conta que sempre que vai a uma loja os vendedores não acreditam que ele tenha dinheiro para comprar alguma coisa, em supermercados ficam a vigiá-lo, pensando que ele possa roubar alguma mercadoria, ou até mesmo quando ele quer alugar uma casa, ou um quarto nas cidades por quais viaja e mesmo com o dinheiro na mão os proprietários inventam desculpas para não alugarem os imóveis. Sérgio conta que outro grande problema é o perigo de se estar na rua, principalmente à noite, ele conta que já levou pedrada na cabeça em uma noite em São Paulo. Outro incomodo que ele tem que aturar é a Policia, que muitas vezes o expulsa dos lugares em que ele está vendendo os artigos, ou até mesmo os confisca para levar aos Fiscais e se caso ele tente argumentar, corre o risco de ser preso por desacato a autoridade. 

Ao ser questionado se ele mesmo se considerava um Hippie, ele conta que não, que ele é um Artesão e não um Hippie, mas todos acabam se confundindo, ele diz que os Hippies eram bem paz e amor, não usavam couro, não comiam carne e usavam todo tipo de drogas, ele fala que os Artesões não são assim, eles simplesmente vendem os seus artesanatos, são os “Malucos da BR”, vivem na estrada, na rua, dormem em “Mócos”, são quaisquer lugares onde eles possam deitar para dormir, são as pessoas que vivem do seu artesanato, da sua arte. 

Sérgio diz que a melhor parte de se viajar pelo país vendendo o seu artesanato é que ele pode conhecer pessoas novas, lugares novos, culturas diferentes, aprender coisas que não aprenderia se ficasse a vida inteira em uma mesma cidade, como outra pessoa qualquer. Ele conta também que se não fosse pelo preconceito e a repressão recebida por eles, Artesões, da sociedade em geral, qualquer pessoa seria capaz de viajar pelo país apenas com o dinheiro que arrecadasse da venda de seus artesanatos.

terça-feira, 28 de junho de 2011

Devaneios - parte I

Estava com vontade de escrever e não sabia sobre o que eu poderia escrever, comecei a foliar o caderno e achei um texto que eu havia escrito, o inicio de uma história que eu estava começando a contar, mas que por falta de inspiração havia parado, agora tomo novamente a narrativa desta história com a intenção de contá-la até o fim. Espero que vocês gostem da narrativa e que comentem sobre ela, mas cabe a vocês descobrirem se é uma história verídica, ou se é apenas mais um devaneio da minha mente, mas lembrem-se que para criar algo precisamos de fatos para nos basear, boa leitura.


Encontrava-me olhando para o céu avermelhado de um lindo final de tarde de outono. Despertei de uma de minhas viagens ao meu mundo de fantasias, no qual tudo o que eu desejava se tornava realidade, olhei ao meu redor, não avistava ninguém. Passei a tarde inteira naquela pracinha que me atraia tanto, era uma pracinha muito comum, com árvores para todos os lados, um campinho de futebol, alguns brinquedos, bancos espalhados pelas extremidades, algumas mesinhas de dama e xadrez, ou seja, como qualquer outra praça, mas o que me levava a ir aquela praça em especifico, era que pouquíssimas pessoas circulavam por ali, eram tempos corridos, onde ninguém se dava ao prazer de passar um tempo ao ar livre com seus filhos, ou amigos. E por causa disso, me era permitido ficar a sós com meus devaneios. 


Decidi que já estava na hora de voltar para casa, levantei-me do balanço e cruzei a praça em direção a minha casa, quando me dei conta de que não era o único ali. A minha primeira reação foi de espanto e medo, pelo simples fato de eu não ter notado aquela presença durante a tarde inteira e que ela pudesse me fazer algum mal, após alguns segundos me senti mais calmo, tentei lembrar-me do momento que eu havia chegado à praça com a intenção de verificar se eu havia visto algo de diferente, não consegui me lembrar. 

O balanço no qual eu sempre me sentava, ficava no fundo da pracinha, deste local eu possuía uma visão um tanto quanto privilegiada de quase toda a praça, mas havia um local, uma pequena área, que eu não enxergava praticamente nada, e era esse o local onde ele se encontrava. 

Passei por aquele local o mais de vagar que eu pude em uma caminhada tranquila, tentei juntar o máximo de informações sobre aquele garoto desconhecido que eu nunca havia notado, em um lugar praticamente abandonado, do qual eu achava ser o único frequentador. Ele estava sentado em um banco, de cabeça baixa, parecia estar entretido com algum pensamento, tinha os cabelos castanhos escuros escorridos, de modo a esconder o rosto, usava uma camisa branca básica de mangas compridas, uma calça jeans e um Nike clássico preto. 

Quando eu estava quase saindo da praça senti que ele havia me notado e que estava me olhando, virei o rosto e o olhei de forma curiosa e questionadora, ele havia se endireitado e o seu cabelo havia escorrido de modo que apenas a franja repousava sobre sua testa quase chegando aos olhos, seus olhos eram verdes muito claros e lindos, seu nariz era perfeito e a sua boca era um tanto quanto carnuda, mas não exageradamente. Ele me olhava de forma intensa e também questionadora. Fitei aqueles olhos por alguns segundos e depois me virei e segui o caminho de casa. 

Voltei à praça no dia seguinte, eu realmente gostava de passar minhas tardes por lá, era tranquilizador e muito agradável, mas não irei mentir, naquele dia havia outro motivo, eu queria encontrar aquele garoto novamente, mas como se apenas para me contrariar, ele não estava lá, verifiquei a praça inteira para ter certeza desta vez. Fiquei um tanto quanto decepcionado, mas de qualquer jeito me sentei no meu lugar de costume, o balanço, e fiquei a delirar a tarde inteira sobre quem poderia ser aquele garoto, eu nunca o havia visto pela vizinhança, nem na escola ou em qualquer outro lugar, eu me lembraria caso houvesse visto-o anteriormente.

Já havia começado a escurecer quando eu decidi que era hora de eu voltar para casa, passei novamente pelo local que eu o havia visto no dia anterior, mas ainda assim nem sinal de que ele pudesse ter estado ali naquele dia, continuei meu caminho para casa. Havia alguma coisa naquele garoto que me fazia continuar pensando nele, e eu não sabia o que poderia ser, era estranha, aquela sensação, eu não sabia o que pensar a respeito e nem o que eu deveria fazer e muito menos se eu devia estar pensando em alguém completamente desconhecido para mim, ainda mais um garoto. Nos dias que se sucederam eu não voltei a pracinha, pois estava ocupado com a escola, estávamos na reta final do semestre e haviam muitas provas para quais estudar, muitos trabalhos para entregar, e com isso tudo eu acabei passando minhas tardes em casa estudando.

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Simplesmente não sei

Cheguei à conclusão que o que eu gosto mesmo é de sofrer, não tem outra explicação. Meu cupido deve ter vindo com algum problema de fábrica, ele sempre me faz gostar das pessoas mais lindas, fofas e perfeitas que eu conheço, até ai tudo bem, mas ele sempre se esquece de fazê-las gostarem de mim também. 

Não sei o que eu estou sentindo nesse exato momento, não sei nem o que escrever, como escrever. O que é isso? Angústia? Temor? Uma mistura dos dois? Não sei, talvez. Estou assim por causa do que eu li, não vou mentir, já sabia que eu não sou aquele por qual você nutre seus sentimentos, já sabia que os textos que você escreve não são para mim, como poderiam ser? Mas ver o que você escreve em relação a ele é pior do que apenas imaginar. 

Acho que não tenho o direito de me sentir assim, afinal, fui avisado, “Eu gosto de você, mas apenas como amigo”, eu juro que tentei pensar o mesmo em relação a você, tentei mesmo, o problema é que eu não consegui, e não conseguirei. Talvez, quem sabe, um dia eu me acostume a apenas ter a sua presença ao meu lado como a de outra pessoa qualquer, que você sente por outro o que eu sinto por você, que você jamais olhará para mim com outros olhos. 

Falar é fácil, pensar que no futuro tudo se resolverá é mais fácil ainda, o grande problema está no agora, o que eu devo fazer? Como eu devo agir? O que eu faço em relação ao que eu sinto por você? Devo simplesmente me contentar que você ama outra pessoa e que por mim nada parecido? 

Falei que não desistiria de conquistar você, afinal, eu realmente gosto de você, não posso negar isso, mas agora a dúvida me assola, será que não seria mais fácil e menos doloroso eu apenas deixar você seguir o seu caminho e eu seguir o meu? Não seria mais fácil se eu me contentasse apenas em ser seu amigo? Pode até ser que fosse mais fácil e menos doloroso, mas alguma vez alguém se orgulhou de algo que tenha ganhado sem medir esforços? Que não tenha sofrido para conquistar? Que valor a pessoa daria para algo assim? Irei lutar, irei sofrer, irei me decepcionar, mas no final não irei me arrepender.

terça-feira, 21 de junho de 2011

Sem Controle

Odeio quando eu simplesmente não sei como proceder, isso me tira do sério, me deixa preocupado, angustiado. Eu gosto de tudo aquilo no qual eu possa estar no comando, que eu tenha algum tipo de controle, e ultimamente não tem acontecido isso na minha vida, e principalmente nos meus sentimentos. 


Sabe quando você não sabe o que está sentindo? Ou pior, quando você sabe o que está sentindo, mas não sabe o que fazer com esse sentimento? Ou ainda pior, quando você sabe o que está sentindo, sabe o que você deseja fazer em relação a esse sentimento, mas simplesmente não recebe uma resposta favorável a você? Se você sabe o que é isso, então você sabe mais ou menos como eu estou me sentindo. 

Eu nunca esperei de nós, mais do que a simples amizade, ou pelo menos é o que eu tento dizer a mim mesmo, como se fosse uma maneira de me manter consciente e de fazer com que eu não sofra tanto, isso pode até ser verdade, mas o meu subconsciente quer muito mais. Não vou mentir, eu já me forcei a te esquecer, me forcei a sair pelo menos um pouco de perto de você, de parar de pensar em você, mas simplesmente não consigo, é mais forte que eu. 

Fiquei mais ou menos um mês tentando te esquecer, me afastei de você, tentei não pensar em você. No começo eu consegui, acho que eu estava mais ligado nos problemas dos outros, quase não falei sobre mim, sobre o que eu estava sentindo ou pensando, foi bom, mas depois de um tempo, eu fiquei sem o que pensar, sem o que refletir, foi ai que você voltou a minha mente. O mais engraçado disso, ou não, é que isso aconteceu logo na véspera do Dia dos Namorados, e nesse mesmo dia eu sonhei com você, sonhei que eu estava lendo uma conversa sua com uma amiga nossa, na qual vocês falavam sobre mim, sobre nós. Eu vi este sonho como se o meu consciente estivesse conversando com o meu subconsciente, você era o meu consciente, dizendo que nós éramos só amigos, e ela era o meu subconsciente, tentando te convencer de que nós deveríamos ficar juntos, que um iria fazer bem para o outro, e que não havia na há temer. 

Sei que ficar apenas sonhando não faz bem a ninguém, sei que me afastar de você não vai me adiantar de nada, sei que posso sofrer e ficar mal, mas não me importo, quero ficar perto de você, preciso sentir a sua presença, você me faz bem, não importa como, mas a sua presença me faz bem, e é isso que importa. Mas não pense que eu estou desistindo.

Metamorfose Ambulante

“Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo.” 

Lembro muito bem daquele garotinho extremamente tímido e quieto, que nunca chamava a atenção no meio dos amigos, que sempre corria atrás de amigos, que grande parte do tempo ficava dentro de casa, assistindo televisão, jogando vídeo game e que raramente ia para a rua, e quando ia era para jogar futebol ou taco, brincar de Pega-pega ou Esconde-esconde. 

Muita coisa não mudou, ainda continuo sendo um garoto tímido, mas não tanto, ainda sou quieto, mas daqueles que falam pouco porque gostam, daqueles observadores, que ao conhecer pessoas novas ou lugares novos fica apenas a observar, antes de se entrosar. Gosto de ficar quieto quando estou pensando, quando estou refletindo sobre a minha vida e sobre o que estou sentindo naquele momento, o que costuma ser frequente. Gosto de ficar quieto, assistindo meus amigos conversarem, admirando aqueles de que gosto, aqueles que guardo no coração, aquele pelo qual meu coração bate.Gosto dos amigos que conquistei, e eles sempre poderão contar comigo para o que for, mas sinto dizer que amigos, esses tenho poucos.

Ainda gosto muito de ficar em casa, na minha cama, no meu computador. Acho que sou desses caras caseiros, que adora ficar em casa, em baixo de um edredom, bem acompanhado, assistindo a um bom filme na televisão, ao som da chuva batendo no telhado. Raramente eu me empolgo para sair de casa, ainda mais se não tiver uma boa companhia, mas caso eu já esteja fora de casa, faço o necessário para continuar fora dela, pois mais raro que seja de eu sair de casa, mas rara ainda é eu ter companhia dentro dela.

Não sei dizer se com o passar dos tempos eu consegui me abrir mais com as pessoas a minha volta ou se eu me fechei ainda mais, mas uma coisa eu não posso negar: Eu cresci, amadureci, mudei, mesmo que tenha sido apenas um pouco.