Sérgio Rodrigues tem 29 anos de idade, nasceu em Brasília, mas atualmente residi em Florianópolis com a mulher e o casal de filhos. Sérgio é Artesão há nove anos, começou no ano de 2002, diz que aprendeu a arte na rua, com os demais Artesões. Mesmo quando era apenas uma criança, já admirava a arte, mas nunca pensou que realmente poderia aprender e muito menos sustentar a família com essa arte.
Sérgio diz que viajava muito, ficava em uma cidade por cerca de 15 a 30 dias, mas já ocorreu de ele ir embora de uma cidade no mesmo dia que havia chegado. Diz que já viajou por cerca de 18 estados brasileiros, mas nem sempre foi para vender seus artigos, mas também para comprar matérias prima, algumas sementes especificas de um certo estado para fazer colares ou pingentes, penas de algumas aves que são naturais de um outro estado para fazer brincos e alguns acessórios femininos ou ainda pedras como a Ametista, o Lápis-lazúli e o Topázio Rosa que ele usa para fazer bijuterias e enfeitar alguns outros trabalhos. Ele confessa que diminuiu a frequência de suas viagens por causa de sua mulher e seus filhos.
Ele desabafa que a maior das dificuldades encontradas ao longo desses nove anos que ele trabalha como Artesão é repressão da Policia, da Assistência Social e até mesmo da Sociedade, ele conta que sempre que vai a uma loja os vendedores não acreditam que ele tenha dinheiro para comprar alguma coisa, em supermercados ficam a vigiá-lo, pensando que ele possa roubar alguma mercadoria, ou até mesmo quando ele quer alugar uma casa, ou um quarto nas cidades por quais viaja e mesmo com o dinheiro na mão os proprietários inventam desculpas para não alugarem os imóveis. Sérgio conta que outro grande problema é o perigo de se estar na rua, principalmente à noite, ele conta que já levou pedrada na cabeça em uma noite em São Paulo. Outro incomodo que ele tem que aturar é a Policia, que muitas vezes o expulsa dos lugares em que ele está vendendo os artigos, ou até mesmo os confisca para levar aos Fiscais e se caso ele tente argumentar, corre o risco de ser preso por desacato a autoridade.
Ao ser questionado se ele mesmo se considerava um Hippie, ele conta que não, que ele é um Artesão e não um Hippie, mas todos acabam se confundindo, ele diz que os Hippies eram bem paz e amor, não usavam couro, não comiam carne e usavam todo tipo de drogas, ele fala que os Artesões não são assim, eles simplesmente vendem os seus artesanatos, são os “Malucos da BR”, vivem na estrada, na rua, dormem em “Mócos”, são quaisquer lugares onde eles possam deitar para dormir, são as pessoas que vivem do seu artesanato, da sua arte.
Sérgio diz que a melhor parte de se viajar pelo país vendendo o seu artesanato é que ele pode conhecer pessoas novas, lugares novos, culturas diferentes, aprender coisas que não aprenderia se ficasse a vida inteira em uma mesma cidade, como outra pessoa qualquer. Ele conta também que se não fosse pelo preconceito e a repressão recebida por eles, Artesões, da sociedade em geral, qualquer pessoa seria capaz de viajar pelo país apenas com o dinheiro que arrecadasse da venda de seus artesanatos.