As aulas haviam finalmente chegado ao seu fim e eu tinha três semanas de férias pela frente, o inverno havia chegado e já estava fazendo um friozinho gostoso e aconchegante. Eu estava com saudade de passar minhas tardes me balançando naquela pracinha, estava precisando relaxar e lá era o melhor local para isso. Com tantas coisas acontecendo na escola eu havia me esquecido completamente daquele garoto, mas ao voltar para a pracinha dou de cara com ele. Ele estava sentado no balanço ao lado do meu, e agia como se estivesse esperando por alguém, não compreendi exatamente por quem ele estava esperando.
Fui em direção ao balanço e educadamente pedi licença e me sentei no banco que era meu, achei aquela situação um pouco estranha, eu estava pedindo licença a um estranho para poder me sentar no balanço que pertencia a mim, apenas por ele estar sentado ali ao lado. Ele vestia aquele mesmo Nike clássico, uma calça jeans um pouco apertada e um suéter cinza escuro com alguns detalhes em azul marinho, vestia também um cachecol azul marinho, como que para combinar com o suéter, e havia cortado o cabelo, estava mais curto e repicado, ele havia deixado o cabelo um pouco bagunçado, transmitindo um ar desleixado, contrariando a roupa que estava combinando. Surpreendi-me com o fato de eu estar prestando atenção naquele garoto que eu mal conhecia e ainda mais por perceber que ele havia cortado o cabelo.
Por um longo tempo ficamos apenas nos balançando, cada um no seu ritmo e com seus próprios pensamentos. Eu estava procurando um motivo que explicasse o fato de eu estar me sentindo envergonhado e tímido ao lado daquele garoto, quando ele olha para mim e me cumprimenta como se nós acabássemos de nos encontrar. Ele se apresentou como Gustavo e sorriu para mim, não sei descrever o que estava se passando na minha mente naquele momento, mas eu simplesmente sorri e disse-lhe meu nome também, nossos olhares se cruzaram e nós os desviamos envergonhados. Eu não sabia o que estava se passando comigo, aquilo nunca havia acontecido comigo, ainda mais com um garoto, eu não sabia o que fazer, baixei a cabeça, disse que tinha que ir para casa e sai correndo.
Passei o resto do dia no meu quarto pensando no que estava acontecendo, no que eu estava fazendo, isso era certo? Sentir-me assim por causa de um garoto? O que os meus amigos pensariam de mim? O que eles falariam de mim? E meus pais? Eles ficariam chateados comigo? Ficariam zangados comigo? Expulsariam-me de casa? Todas essas dúvidas passaram pela minha cabeça e quando eu finalmente caí no sono tive alguns pesadelos.
Tentei me distrair nos dias que se passaram, mas por mais que eu tentasse a imagem daquele garoto sempre vinha a minha mente, não sabia mais o que fazer para tentar parar com isso, afinal eu nem sabia o que estava sentindo, muito menos se era correto. No final de semana eu não aguentava mais aquela situação, tinha que decidir o que iria fazer, e decidi por voltar à pracinha.
Tentei me distrair nos dias que se passaram, mas por mais que eu tentasse a imagem daquele garoto sempre vinha a minha mente, não sabia mais o que fazer para tentar parar com isso, afinal eu nem sabia o que estava sentindo, muito menos se era correto. No final de semana eu não aguentava mais aquela situação, tinha que decidir o que iria fazer, e decidi por voltar à pracinha.
Fábio, legal seu conto. Muito boa a descrição, o jogo com as sensações e a criação deste espaço de angústia, curiosidade, medo, vontade, enfim, dúvida! Isso é muito bom na escrita, conseguir criar esta sensação no leitor melhor ainda. Textos que questionam são muito interessantes!
ResponderExcluirE em relação ao que você escreveu no início ("Espero que vocês gostem da narrativa e que comentem sobre ela, mas cabe a vocês descobrirem se é uma história verídica, ou se é apenas mais um devaneio da minha mente, mas lembrem-se que para criar algo precisamos de fatos para nos basear, boa leitura."), eu acredito que toda história é verídica. O que diferencia a realidade da ficção? Será que nossa vida toda não é apenas uma grande história com curvas, retas, retornos e atalhos? E o quanto podemos dizer que a ficção não é, também, realidade? Acredito na potência que a escrita cria, seja ela o que for. Enquanto eu estava lendo seu conto, ele era real para mim, pude estar nele e isso é o que importa! Muito legal assumir os riscos de uma escrita que mexe em tema tão delicado, continue! =)
Abraço